Marta Jaime – Diretora de Marketing toLife
1. Como encara a necessidade de partilha de conhecimento numa era de economia colaborativa?
“Informação é poder”?
A geração X cresceu a acreditar nesta frase a um nível micro e este é apenas um exemplo do grande choque que os novos modelos de negócio representam para os gestores que são maioritariamente nascidos antes de 1980. A informação é poder, mas neste momento, o poder está na Google, na Amazon, no Facebook, na Apple, etc. A informação que conta é macro e agregada.
Hoje em dia, com as novas tecnologias que começaram a ser democratizadas através dos smartphones, a informação está ao dispor de todos, conseguimos responder a questões sobre as quais nunca havíamos antes pensado, após uma pesquisa de 30 minutos no Google, lendo artigos, ouvindo palestras, consultando testemunhos de especialistas.
O conhecimento está tão democratizado como a tecnologia e o conteúdo está nas mãos do “utilizador/consumidor”. A economia colaborativa é o resultado deste aumento de acessibilidade e “empowerment” e veio para ficar. Exemplo notável são as tecnologias “open source” criadas e alimentadas pelos próprios utilizadores que respondem a necessidades tecnológicas extremamente complexas de grandes multinacionais. A Nokia, a Farfetch e até a Amazon, vivem com sistemas operativos que dependem de tecnologias desenvolvidas pelas comunidades abertas de programadores.
Num modelo de negócio quase utópico, que no limite, eliminaria o desperdício de bens, serviços ou skills, recaem inúmeros desafios para uma indústria tão conservadora como a ligada à saúde. É importante distinguir co-marketing ou partilha de risco, de economia colaborativa. A economia colaborativa é um modelo de negócio assente em completa partilha de conhecimento e utilização máxima de capacidade e recursos.
Um exemplo extraordinário deste modelo económico é o Patient Innovation que consiste numa plataforma online onde pacientes e cuidadores em todo o Mundo se ligam, partilham e criam soluções que desenvolveram por si mesmos ou com a ajuda de colaboradores para lidar com os seus problemas de saúde. Estas soluções são depois adoptadas por outros pacientes ou cuidadores ou desenvolvidas/ comercializadas numa escala macro por empresas que se interessam pela solução.
Antítese deste modelo são as propriedades intelectuais e as patentes, a legislação que obriga a venda de embalagens em vez de unidoses, que proíbe a partilha de medicamentos entre consumidores, de stocks entre as farmácias ou a partilha de equipamentos entre farmácias e/ou hospitais.
A adopção da economia colaborativa é inevitável em todas as áreas de negócio e a indústria farmacêutica necessita de caminhar mais seguramente neste sentido. A legislação como já se mencionou, vai balizando a medida de colaboração, o que hoje em dia é crucial para proteger abusos e riscos à saúde pública. No entanto, é possível fazer mais e melhor.
2. Qual o valor acrescentado que espera retirar da presença da sua marca na Expofarma?
Num mundo cada vez mais digital, as oportunidades de contacto directo com os stakeholders do nosso negócio, devem ser encaradas como vantagens promocionais competitivas.
A Expofarma, organizada com o rigor e credibilidade a que fomos sendo habituados nos últimos anos, representa por isto, uma oportunidade única de estímulo de networking, de desenvolvimento e criação de parcerias e consequentemente de negócio. Um verdadeiro pool de ideias e possibilidades para definição de estratégias que contribuam positivamente para o incremento da cadeia de valor em todo o negócio farmacêutico de ambulatório em Portugal.
3. Como vê a componente colaborativa e de partilha de informação experienciada na Expofarma?
No que se refere à Expofarma, a partilha de informação faz-se de uma forma quase sensorial. Ganhamos todos com o que sentimos ao observar os outros stands, ao perceber o equilíbrio entre as preocupações e as expectativas das farmácias que nos visitam, ao descobrir a tónica dos temas dos workshops. Desde o primeiro dia que entramos no Centro de Congressos que somos “envolvidos numa onda” de tendências e percebemos para onde se dirigem parceiros, concorrentes, consumidores e mercado.
Esta partilha é uma verdadeira fonte de inspiração para o desenvolvimento de estratégias que vão ao encontro daquilo que são as necessidades do mercado de uma forma global e em particular das farmácias e dos consumidores. E, se ainda que empiricamente, retirarmos alinhamento desta experiência, estaremos seguramente a criar mais valor para todos.
Convidamos claro, todos os Visitantes e Expositores a sentirem connosco mais uma Expofarma!